quarta-feira, 2 de outubro de 2013

SOLOS AFETADOS POR SAIS

 1. Ocorrência
® Regiões áridas e semi-áridas
®  Costa litorânea ® mangues
®  Locais mal drenados
  
2. Causas do acúmulo de sais no solo

A.  Naturais
® Intemperismo e acúmulo de sais ® ¯ lixiviação
® Evapotraspiração > Precipitação ® ¯ lixiviação
® Influência do mar
® Solos ¯ drenagem

B.  Ocasionadas ou agravadas pelo homem
® Irrigação ® qualidade da água e manejo da irrigação
® Adubação

3. Pro que o excesso de sais é prejudicial às plantas?
® ­  (Alta) )pressão osmótica da solução ® Ex.: semente x adubo
® Dispersão de argilas (Na+® afetando a estrutura do solo ® ¯ permeabilidade do solo
® ­(Alto) pH ® ¯  disponibilidade de micronutrientes e de P
® Toxidez potencial de alguns íons


4. Formas para avaliar os sais no solo

4.1 Quanto à quantidade total de sais ® Condutividade elétrica (CE)
® Cátions: Na+, K+, Ca2+, Mg2+
® Ânions: HCO3-, CO32-, Cl-, SO42-


 4.2 Quanto à presença de Na +

® Porcentagem de Na trocável (PST)

PST = Na+  x  100  /  T

® Relação de adsorção de sódio (RAS)

RAS = Na+  /  [ (Ca2+ + Mg2+) / 2 ]1/2



® Salinos ¯ HCO3- e CO32- ® pH < 8,5; bem estruturados; boa permeabilidade; agriculturáveis

® Salinos-sódicos ® sua argila pode ser facilmente dispersa (­ alto pH); manejo problemático

® Sódicos ® (alto)­ CO32-® (alto)­ pH ® argila dispersa ®mal estruturado ®¯ permeabilidade
·       Geralmente se localiza em depressões (drenagem impedida)
·       São praticamente irrecuperáveis
6. Recuperação de solos afetados por sais

6.1 Salinidade ® Lavagem com água de boa qualidade

a) Qualidade da água ® Relação de adsorção de sódio (RAS)

RAS (água)  <  RAS (extrato de saturação do solo)

b) Quantidade de água ® Lâmina de água x Lixiviação

NL = CEai / (5CEes CEai)                  Eq. de Rhoades

NL = Necessidade de lixiviaçção (mm)
CEai = CE da água de irrigação (dS m-1)
CEes = CE do estrato de saturação do solo (dS m-1), para a cultura, que proporcione 10% no seu rendimento

6.2 Sodicidade

a)   Gesso
·         Na2X  +  CaSO4  ®  CaX +  Na2SO4
·         CaSO4  +  CO2  +  OH-  ®  CaCO3  + H2O  +  SO4-   (¯ pH)

b)   Enxofre elementar (S) e H2SO4
·       S° + 3 O2 + H2  ®  2 H2SO4
·       2 NaOH  +  H2SO4  ®  Na2SO4  +  2 H2O   (¯ pH)
·       2 NaCO3  +  H2SO4  ®  Na2SO4  +  2 CO2  +  H2O (¯ pH)

c)    Condicionadores orgânicos ® Matéria Orgânica ® estabilizador de estrutura (poder cimentante) e fonte de acidez


ADUBOS OU FERTILIZANTES

1. Classificação química (Decreto 4954/2004)


A. Fertilizantes minerais ® Produto de natureza mineral, natural ou sintético, obtido por processo físico, químico ou físico-químico, fornecedor de um ou mais nutrientes de plantas
® Fertilizantes simples ® Produto formado por um composto químico, contendo um ou mais nutrientes de plantas® Fertilizantes complexos ® Produto formado de dois ou mais compostos químicos, resultante da reação química de seus componentes, contendo dois ou mais nutrientes
® Fertilizantes mistos ou misturas de fertilizantes ® Produto resultante da mistura física de dois ou mais fertilizantes simples, complexos ou ambos

B. Fertilizantes orgânicos ® Produto de natureza orgânica, obtido por processo físico, químico, físico-químico ou bioquímico, natural ou controlado, a partir de matérias-primas de origem industrial, urbana ou rural, vegetal ou animal, enriquecido ou não de nutrientes minerais
® Fertilizantes simples ® Produto natural de origem vegetal ou animal, contendo um ou mais nutrientes de plantas® Fertilizantes mistos ® Produto de natureza orgânica, resultante da mistura de dois ou mais fertilizantes orgânicos simples, contendo um ou mais nutrientes de plantas
® Fertilizantes composto ® Produto obtido por processo físico, químico, físico-químico ou bioquímico, natural ou controlado, a partir de matéria-prima de origem industrial, urbana ou rural, animal ou vegetal, isoladas ou misturadas, podendo ser enriquecido de nutrientes minerais, princípio ativo ou agente capaz de melhorar suas características físicas, químicas ou biológicas

C. Fertilizantes organomineral ® Produto resultante da mistura física ou combinação de fertilizantes minerais e orgânicos
2. Atributos de natureza física

A. Estado físico
® Sólidos
® Pó ® 95% (# 2 mm) e 50% (# 0,3 mm)
® Farelado ® 100% (# 4,8 mm) e 80% (# 2,8 mm)® Granulado

· Mistura de grânulos
· Mistura granulada
® Fluidos® Misturas claras ® Soluções perfeitas® Misturas coloidais ® Suspensões® Gasosos

B. Granulometria 
® Tamanho e forma das partículas ® Interfere na segregação, solubilidade e higroscopicidade (tamanho dos grânulos)

C. Consistência ou dureza dos grânulos ® Grau de resistência dos grânulos à quebra
® Resistência à compressão® Resistência à abrasão® Resistência ao impacto




A. Fluidez ou escoabilidade 
® Capacidade de escoamento do fertilizante ® f (higroscopicidade; empedramento; tamanho e forma das partículas)

B. Densidade 
® Característica de pouca importância
3. Atributos de natureza químicas

A. Origem
® Minerais ou orgânicos
® Naturais ou sintéticos
B. Número de nutrientes
C. Concentração e garantias de nutrientes
D. Forma química dos nutrientes
® Teor total x solúvel

Ex.: N 
® Teor total

K2O 
® Solúvel em água

P2O5 
® Solúvel em água; água + CNA; ac. cítrico 2%; total

® Forma química ® Ex.: N ® NO3-, NH4+, –NH2
E. Íon acompanhante

F. Reação 
® Poder acidificante ou alcalino
® Índice de acidez ® kg de CaCO3 necessários para neutralizar a acidez originada pelo uso de 100 kg do fertilizante
® Índice de basicidade ® kg de CaCO3 que exerce a mesma ação neutralizadora de 100 kg do fertilizante



A. Presença de compostos nocivos aos vegetais e animais 
® Uréia (biureto: < 1,5% solo e < 0,3% foliar; sulfato de amônio (tiocianato: < 1%); salitre do Chile (perclorato: < 1%); metais pesados
4. Atributos de natureza físico-químicas

A. Solubilidade ® Em água ou na solução do solo?

® Produto de solubilidade (PS) ® Quantidade máxima do fertilizante ou corretivo (em gramas) que se consegue dissolver em 100 mL de água



A. Higroscopicidade 
® Propriedade que um adubo tem de absorver água da atmosfera

®® Umidade crítica ® UR do ar em que o adubo inicia a adsorção de água

B. Empedramento ® Cimentação das partículas do fertilizante, formando uma massa de dimensões muito maiores que as das partículas originais

® Fatores que afetam ® Natureza do material, higroscopicidade, pressão (empilhamento), tempo de armazenamento, tamanho e forma das partículas

C. Índice salino 
® Valor relativo da pressão osmótica da dissolução do adubo, tomando como referência o NaNO3 (considerado 100).

A. Compatibilidade com outros fertilizantes
® Compatíveis ® Não trazem alterações em suas características físicas e/ou químicas

Ex.: Uréia x KCl
® Compatibilidade limitada ou semi-compatíveis ® Podem ser misturados pouco antes da aplicação

Ex.: Uréia x superfosfatos

Termofosfato x KCl
® Incompatíveis ® Não podem ser misturados

Ex.: Uréia x termofosfato 
® NH3
Fonte de Ca x fonte de SO42- (fertirrigação)Uréia x NH4NO3 ® URC = 18%
Ca(NO3)2 x KCl ® URC = 22%



Eficiência das adubações
1. Fatores diretos

A. Qualidade dos fertilizantes
B. Solo ® Características físicas (textura, estrutura, porosidade), químicas (disponibilidade de nutrientes, CTC, pH, teor de MO) e mineralógicas

C. Recomendação equilibrada 
® Quantitativa e qualitativa
D. Época de aplicaçãoE. Forma de aplicação
F. Uniformidade da distribuição
2. Fatores indiretos

A. Unidade do solo
B. Planta ® Eficiência nutricional (absorção, translocação e utilização de nutrientes)
C. Outros ® Preparo do solo, espaçamento, controle de plantas daninhas, pragas e doenças etc.

3. Perdas de nutrientes

A. Erosão
B. Lixiviação
C. Volatilização
D. Fixação
E. Exportação pelas colheitas



AMOSTRAGEM DO SOLO

1.    Amostragem ® obter uma porção representativa de uma população

2.    Tipos de amostras de solo
2.1 Para pedologia ® Perfis representativos
2.2 Para avaliação da fertilidade do solo ® Amostra composta a uma determinada profundidade

3.    Objetivos
·       Avaliar a fertilidade do solo
·       Evitar o emprego antieconômico de corretivos e de fertilizantes
·       Sugerir adubações mais balanceadas, de acordo com as características do solo e da planta
·       Orientar o agricultor para melhor aproveitar os solos de sua propriedade

4.    Variabilidade do solo

® Variação horizontal
§  Grandes variações ® Estratificar as áreas
§  Variação a curta distância ® Fazer amostras compostas

® Variação vertical ® Padronização da profundidade de amostragem

5.    Seleção das áreas® Identificar as Unidades Amostrais (UA) ® extratos ± homogêneos quanto ao solo, à planta e ao manejo

Aspectos a considerar:
·       Cobertura vegetal ou cultura
·       Topografia e posição da área na paisagem
·       Drenagem
·       Cor do solo
·       Textura do solo
·       Histórico da área ® Práticas de manejo

6.    Como coletar as amostras de solo
·       Identificação das Unidades Amostrais (UA) – Máximo de 10 ha/UA
·       Local de amostragem ® f (cultura e do manejo da adubação)

·       Época de amostragem ® 60 dias antes da adubação

·       Profundidade de amostragem
Padrão ® 20 cm
Para culturas perenes ® Importante também amostras mais profundas (20-40; 40-60)
Para avaliação de efeito residual de certos nutrientes ® amostras mais superficiais (0-5 ou 0-10)

·       Coletar 20 amostras simples por UA ® Fazer amostragem em ziguezague; evitar locais não representativos; padronizar profundidade e volume da amostra

·       Homogeneizar as amostras simples; acondicionar e identificar cada amostra composta; enviar de 300 g para o laboratório



quarta-feira, 11 de setembro de 2013

GESSAGEM

1. Características do gesso agrícola
· Subproduto da indústria na fabricação de ácido fosfórico



· Componente básico: CaSO4.2H2O ® Sal neutro
· Solubilidade “baixa”, mas muito mais alta que a do calcário ® 2,5 g/L
· Higroscopicidade
· Formação de par iônico (CaSO4°) ® mobilidade no perfil ® ­ teor de Ca e SO42- em profundidade

CaSO4.2H2O + H2O « Ca2+ + SO42- + n H2O « CaSO4o + n H2O

2. Uso agrícola
· Fornecimento de Ca (170 a 200 g/kg) e de S (140 a 170 g/kg)
Há também presença de 6 a 7,5 g/kg de P2O5, 6 a 7 g/kg de F-,
1,2 g/kg de Mg, micronutrientes (B, Cu, Fe, Mn, Ni, Zn, Mo) e
outros elementos (Co, Na, Al, As, Ti, Sb, Cd)

· ¯ saturação e atividade de Al e ­ ­­­ ­ Ca em profundidade ® aprofundamento do sistema radicular
- Precipitação na forma de Al(OH)3 decorrente da liberação de OH- para a solução em devido à adsorção de sulfato
- Formação do complexo AlSO4+ que é menos tóxico às plantas
- Formação do par iônico AlF2+ devido à presença de F-
- Precipitação de minerais de sulfato de Al, como alunita e basaluminita, decorrente do aumento da concentração de sulfato

· Correção de solos sódicos
· Evitar a formação de camadas adensadas em solos muito intemperizados
- Gesso: ­ concentração de eletrólitos ® Favorece a floculação

3. Problemas que podem ser gerados em doses elevadas
- Lixiviação de bases ® formação de par iônico ® CaSO4°, MgSO4°, K2SO4°

4. Fatores que influenciam a movimentação dos cátions no solo
- Quantidade de gesso aplicado ao solo
- Textura e CTC do solo
- Condutividade elétrica da solução do solo
- Capacidade do solo em adsorver sulfato
- Volume de água que aporta ao solo (precipitação pluviométrica ou irrigação)

5. Necessidade de gesso (NG)
5.1 Para fornecimento de S ® 100 a 250 kg/ha
5.2 Para fornecimento de Ca e redução de Al em subsuperfície
I. Em função do teor de argila
MG (CFSEMG, 1999) ® Quando necessitar de gesso e para uma camada subsuperficial de 20 cm

NG = 0,0 – 0,00244 x0,5 + 0,0339 x – 0,00176 x1,5
NG = necessidade de gesso (t/ha)
x = teor de argila (%)

SP (IAC, 1997) ® Para solos com teor de Ca, na subsuperfície, menor que 0,4 cmolc/dm3 ou saturação de Al maior que 40%

NG = 0,06 x argila

Para Cerrado (Sousa, 1995)
Para culturas anuais: NG = 0,05 x argila
Para culturas perenes: NG = 0,075 x argila

II. Com base na necessidade de calagem (NC)
NG = 0,25 x NC

III. Com base no P-remanescente (P-rem)
NG = 1,68 – 0,1361 x0,5 – 0,03045 x + 0,00259 x1,5

IV. Malavolta (1991) ® o solo deve apresentar, na camada de 20 a 40 cm, um teor de Ca2+ superior a 40% ou um teor de Al3+ inferior a 20% da CTC efetiva

NG = (0,4 x CTC efetiva - Ca2+) x 2,5, ou
NG = (Al3+ - 0,2 x CTC efetiva) x 2,5
NG = (0,6 x CTC efetiva - Ca2+) x 2,5, para café

6. Quantidade de gesso (QG)


CORREÇÃO DA ACIDEZ DO SOLO

1. Características de um corretivo de acidez
· Efetuar a reação de troca (Al3+ e H+) e dissociar H
· A reação deve formar ácido fraco e precipitar o Al, Mn 
· Fornecer elementos essenciais



Corretivo de acidez - Produto que promove a correção da acidez do solo, além de fornecer Ca/Mg (Decreto 4954/04)
2. Calcário como corretivo de acidez
2.1 Objetivos da calagem

· ­ pH
· ¯ toxidez de Al, Mn e Fe
· Correção de deficiência de Ca e Mg
· ­ disponibilidade de vários nutrientes
· ­ eficiência dos fertilizantes

2.2 Características químicas e físicas dos calcários

I. Poder neutralizante (PN) ou Valor neutralizante (VN) - expressos em %

- PN ® Teor de materiais neutralizantes do calcário, considerando o CaCO3 como padrão igual a 100%. Se determina por neutralização direta com ácido clorídrico

- VN ® Capacidade de neutralizar a acidez que apresenta um calcário, expressa em teores de CaO e de MgO

VN (%) = 1,79 x CaO(%) + 2,48 x MgO(%)



II. Reatividade, granulometria ou eficiência relativa (ER) - Valor de reação estimado para um período de aproximadamente 03 meses



III. Poder relativo de neutralização total (PRNT)
PRNT = PN x ER / 100

IV. Quantidade de Ca e Mg ou relação Ca:Mg


2.3 Legislação: limites tolerados
I. Características mínimas quanto à granulometria


II. Valores mínimos de PN e da soma de CaO e MgO de corretivos da acidez do solo

III. Valor mínimo de PRNT ® 45%
3. Necessidade de calagem (NC):

-  É a quantidade de corretivo necessária para passar a acidez do solo, de uma condição inicial até um nível desejado

- É a quantidade de corretivo necessária para se obter a máxima eficiência econômica de definida cultura

3.1 Determinação da necessidade de calagem:
I. Método que se baseia em elevar o pH do solo
I.1. Emprego de solução tampão ® Ex: método SMP (Schoemaker, McLean & Pratt), muito utilizado na região sul


Princípio - Decréscimo do pH de uma solução tampão após o equilíbrio com o solo




Para solos do Paraná:
H + Al = 20,2 – 2,65 pH SMP

R2 = 0,91

Correlação entre H + Al estimado e medido

I.2. Método de incubação com CaCO3



II. Método do Al e do Ca e Mg Trocáveis
NC = 1,5 x Al3+
NC = 2 x Al3+ 
NC = 2 x Al3+ + 2 - (Ca2+ + Mg2+) 
NC = Y x Al3+ + X - (Ca2+ + Mg2+) NC = Y [Al3+ - (mt x t / 100)] + X - (Ca2+ + Mg2+) 
NC = t/ha, prof. 20 cm 

Y = f (capacidade tampão do solo)
X e mt (saturação por Al tolerável) = f (cultura) 
t = CTC efetiva 












III. Método da saturação por bases
NC = T (V2 - V1) NC = t/ha, profund. 20 cm
100 T = CTC a pH 7 = CTC pot. (cmolc/dm3)
V1 = saturação por bases atual do solo
V2 = saturação por bases desejada

4. Quantidade de calcário (QC):

5. Época e modo de aplicação do calcário
- Aplicação de 02 a 03 meses antes do plantio ® baixa solubilidade
- Uniformemente distribuído na superfície do solo
- Incorporado até uma profundidade de 15 a 20 cm, por meio de gradagem e, ou aração
- Para outras profundidades deve-se corrigir a dose
- Necessidade de nova calagem ® f (análise de solo, anos depois)

Obs: “Filler”® calcário de alto PRNT ® tem sido utilizado no sulco de plantio, em dosagens menores, para fornecimento de Ca e Mg
6. Supercalagem

· Aplicação de quantidade elevada de calcário e, ou pequena incorporação do produto no solo
· A calagem em excesso é tão prejudicial, quanto à acidez elevada
· Precipitação de P, Cu, Fe, Mn e Zn
· Difícil ($) sua correção